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Verbos

4- Vendendo roupas

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3- Pão sovado

Peguei o ônibus de volta para casa e cá estou eu, pensando em “voz alta” no que fiz e no que deveria fazer. No que fiz já é passado e não tem mais o que fazer. Mas, no que devo fazer daqui para frente é um mistério insondável. Sempre tem aqueles filmes inspiradores em que a mulher sofredora vai parar num lugar chato, tipo Bali, e ali resolve todos os problemas de sua vida numa simples reflexão, com o bônus extra de um amor fantástico e cheio da grana, mesmo porque, para estar naquele lugar chato e fim de mundo tem que ter muita grana, até mesmo ela. Não é o meu caso, infelizmente. Nem mesmo sou linda! O que torna tudo contra os meus sonhos de divorciada-pensionista. - Veja bem, querida – esta é minha mãe -, você mesma permitiu que isso acontecesse a você. Se o seu casamento acabou foi porque deixou. Agora, levante a cabeça! Você tem um potencial enorme. Não pode viver assim... assim... vendendo todas as suas coisas para... para... Por que está pondo suas coisas à venda? - Para

2- Cor-de-Rosa

Sim, eu fui conversar com o gerente do banco... Milhares e milhares e milhares de pontos para mim. - Humm... Vamos ver aqui no seu cadastro... A impressão que eu tive é de estar frente a um porquinho cor-de-rosa engravatado e suando horrores examinando minhas notas escolares para decidir se me mandaria para o chiqueiro ou me liberaria um pasto ralo. Todas horríveis opções que meu olhar embevecido, entre um piscar e outro, ia mudando a cada vez que ele digitava alguma coisa naquele maldito computador. - A senhora já entrou no seu limite especial... Claro... Por que mais eu iria até ele? Pisquei duro algumas vezes, candidamente, com um doce sorriso sendo esboçado. - Quer aumentar seu limite? Céus! O que ele tem na cabeça?! Certo, não são orelhas de porquinho cor-de-rosa, mas certamente o cérebro deve ser de um. Eu não quero aumentar o meu limite. Quero diminuir a minha dívida! - Não... O limite está ótimo... – sorrindo gentilmente, sem acreditar que eu pudesse falar algum

1 - Virando a página

Acho que, como mais uma brasileira no meio da crise econômica, estourei minha conta do banco e estarei devendo milhões em pouco tempo, caso não resolva tomar uma atitude séria em minha vida. Não, a atitude séria não é parar de gastar, porque daí eu teria que parar de comer,   não andar de ônibus, coisas triviais que, pouco ou não, levam minha mísera pensão para o infinito e além, seja lá onde for isso. Estou falando de arranjar um emprego, porque de pensão se vive dona de pensionato, coisa que não sou e nem levo jeito para isso. Longe de ser viúva, sou divorciada, passando dos cinquenta, nunca trabalhei para ganhar o pão nosso – na verdade, trabalhei e muito, só que isso não conta porque ser mãe e dona-de-casa não é profissão registrada em carteira. Também fui guia turística, orientadora pedagógica dos filhos, cozinheira de primeira, companheira nota mil. Essas coisas que ninguém percebe. Depois da separação o bicho pega, porque a primeira coisa que vem à cabeça é: como vou sob